Oh Omulu baba
Leve-me de volta
De volta ao mar!
É lá onde devo ficar

Ouço o soar dos tambores
Aceita ebó Exú
A causa negra dos meus amores

Tua mão na minha espinha encosta
Encrava tuas unhas nas minhas costas
Me faça a iré de não me trazer de volta

Meu pneuma, o suor desce frio
A noite continua alta
Iyá Maria a ti fui arredio
Nunca mais te desafio!

Leva meu egum que em vida já estava morto
Como uma amarração, um encantamento mal feito
Me desprende do corpo

Axogum corta-lhe o pescoço
Maria faça justiça
Enterro os ossos, e a carniça
tomo banho de sangue
repito o juramento de novo
E se completa o batismo de fogo!

Espero ao fim do transe a tua visita
Entidade feminina de vermelho, que agora se reflete no espelho
Mãe que levou os meus amores
Teu perfume ainda sinto o cheiro, de mim não desista
Na encruzilhada das minhas dores te deixo pinga, cigarros, laços, velas e flores


J.Morgan 16/11/12



Todos os meus segredos os mais absurdos
Que permanecem em mim intactos, ocultos
Escondo eles com total devoção, por traz das minhas mãos

Sou como uma esfinge, como uma vela que nunca se estigue
Decifra-me ou devoro-te agora
Sem compaixão, sem remorsos sem hora

Com um toque venha descobrir o que eu guardo entre os dedos
Encontre minhas obsseções e desvende meus segredos
Tome controle dos meus mais insanos medos

Prezo pelo que me consome, o que completa meus mais ardentes desejos

Meu coração tão selvagem precisa ser domado
A você te dou meu sentimento mais sagrado
Pois pra ti ele permanece intacto e intocado

E quanto aos erros do meu passado
Eles devem ser aniquilados, completamente perdoados
Não me culpe pelo que fiz, eu só queria ter sido feliz

Este dia parece nunca chegar, mas eu te espero
Olhar nos seus olhos é tudo que eu mais quero
Vou sentir protegido nos teus braços
por favor não me negue seu abraço

O meu coração é seu, eu já te entreguei
Por muito tempo esse amor eu guardei
Agora é hora de ser desmascarado

Pois saiba que quando você tocar as minhas mãos e andar ao meu lado
Eu sei já vou ter me revelado
E assim em uma fração de segundos
Você terá me desvendado



J.Morgan 16/11/12





O ranger dos dentes
Ainda ouço seus passos pela casa
ao longe, dormentes

O meu coração batendo quase morto
Ando pelas vielas sujas dessa cidade
Pálido, surdo e roto

Oh, olhe onde eu cheguei
Nessa lugurbre vida nada terei
Eu não quero viver esta vida novamente

Com os meus sentidos ausentes
A minha alma por dentro impura está
O nada é o que restará

Sento na cama e olho fixamente
Seu lado permanece sempre arrumado
Você na minha vida é inerente, necessário

Ainda guardo seus olhos na minha memória
Cada lágrima que do meu olho verte conta uma história
Ainda vive em mim os tempos fulgentes de outrora

Mas hoje sinto que tudo que ficou
Além da solidão, querer e dor
Foram as lembranças que o tempo me proporcionou

Você não percebeu?
Que aquele beijo que você  me deu
Minha alma livre se rendeu

Meu peito profundamente suspirou
E assim como uma mágica celeste
Ainda mesmo que não soubestes
Naquele momento...
Você já era o meu amor!