Aos poucos me desnudo em palavras
E a cada verso eu construo o meu castelo
Sem vaidade, pressa ou mágoa
Espero pacífico e calmo o teu chamado
Fecho os olhos para te encontrar
Imenso e profundo como o mar
Te sinto desaguar em mim
Somos apenas um
Dançando a se espalhar
Constante, sem fim
Já os medos se liquefazem diante de ti
Tudo se torna irrisório ao teu tocar etéreo
Só com você quero dançar
É simples eu te quero sem mistério
Nossos pés sujos de carvão
Olhos em êxtase a brilhar
Tua imagem digitalizada no meu coração
Suas mãos acariciam o meu calcanhar
Tua presença vem para me destituir e descerrar
  Aquecido em teus braços
 Esqueço minhas promessas e pactos
E eu parto...
Tentando acompanhar os teus passos

É uma faísca que existe em mim
Que não queima, nem arde
Não sei bem explicar
Vez em quando faz cócegas
Roçando em meu calcanhar
E este ranço em mim por vezes cabe
E sabe
Nem me incomoda mais
Não choro, não clamo
Nem padeço
E por tudo que já vi
Fecho os olhos e esqueço
Virei bicho que não reclamo
Assim tudo que vivi
Sustento e mereço
E de todos os amores que tive
Pouco se restou de amor
Assim virei flor do deserto
No deserto da minha própria alma
Que já nem sei bem se sou mesmo flor
Tempestade, terra ou torpor
Nas ruínas do meu próprio palácio
Que aos poucos cedeu
E em ver tudo resumido à cinzas
Não sei se foi dificil ou fácil
O que de fato sei é que nada me agrada, distrai ou maltrata
Não sinto fome ou calor
Sou menos apático a este frio que retarda
Por dentro me tornei resílio
E neste deserto meu peito canta
Sem chorar ou sorrir
Somente por coexistir 
                                                        Neste exílio contínuo minha dança
No limbo do nada sentir