O óbolo das musas

/
0 Comments



Na vida sou tudo que se esvai

Folha lânguida, fina, turva

E de tão gélida, morta do alto cai

Lentamente dum galho seco que se curva


Com semblante sepulcral, malfazejo

Estes olhos covardes e tristes

Transbordam no céu um tom de degredo

Aquela esperança que não mais existe


Eu, que só queria do sol a luz mais intensa

Para amansar as penosas sombras

Que enrijecem, sufocam e assombram

Os frios dias da minha sentença


Preso num claustro a se debruçar cristais

Onde o ódio, decadência e medo

Salpica de vermelho os vitrais

E irradia a drusa dos segredos


Se da vida esta sangria insuperável

Pelo derrame de antigas dores inundo

Junto a horda de demônios na noite insondável

Traz teu óbolo, meu descanso mais profundo


Jal Vasconcellos




You may also like

Nenhum comentário: