Feridas indolentes 

No batente do alpendre lavei minh'alma

Estendi aquela lágrima remanescente

Que em espiral se espalma

Um bocado salgada

Acalma o coração salpicado

Com tinturas amargas

Trajado de andrajos

De censuras, sua tarja

Que aos poucos apaga

Gritos roucos e sublimes

O peito sufocado

Espreme e imprime

Um fino traço

Muito além da carga alçada

Desse novelo embaraço 

De uma novela mal costurada

Com pés descalços disfarço 

Meu derradeiro brado 

Na mão isqueiro, outro trago

Assim te trago...

Te devoro com devoção 

piso, cuspo e apago


Jal Vasconcelos 01/23