Vinde, trágica mensageira
Com seus dedos frios
Ao som lúgubre de uma carpideira
Aos poucos da lira tirou os fios

Os seus gritos quebram vidros
Nos sonhos encostou
Sussurrou aos ouvidos
De lágrimas o corpo desenhou

Canta teus segredos
Morrígan lava o que não mudou
Conta o que resta da vida nos dedos
Vem materializar o que há tempos se findou


Por onde andará?
Um risco no asfalto
O coração acelerando à mil
Frio feito estrada esburacada
O vento disse para não retornar

Em que cama ele vai deitar?
A brisa leve da manhã
Onde ele foi parar?
Quem vai acalmar sua sanha?

Nunca é tarde pra partir
Ao anoitecer ele se perde no ar
Preparado pra fugir
Não encontra seu lugar

Ele não tem motivos para sorrir
Passou casas, passou rios
Soltou o freio sem se importar
Ninguém sabe seu paradeiro

Andou com seu cigarro, rebelde, faceiro
Quando um forasteiro promete se consertar?
Dionísio o chama para dançar
Hoje ele não vai voltar