E aquele lugar nunca mais será o mesmo
Ainda restam cinzas e lágrimas
O fogo se alimentou e soprou diretamente ao céu
Para sempre o silêncio das palavras

Almas arrumadas confortavelmente para morrer
Um purgatório humano, o rezar ou correr
Ecos de dor entre as paredes
Sem saída
A antiga história volta a acontecer

O sangue arde pelas veias
A pele queima
Nos olhos o medo penetra e rodeia

Tão cansados deste holocausto sem fim
O cessar do pensamento, o extermínio do futuro
Mais um frágil coração morre languido no escuro
Dentro desta fumaça negra, o suor escorre da fronte
E até a sorte virou as costas e trouxe a morte que
Queimou as pontes que te trazem de volta a mim

E agora onde dormem seus sonhos?
Nunca mais te verei sorrir?
Tão jovens pra partir, deixar tudo pra trás
E da vida desistir.

Agora suas almas mornas dançam em agônia pelo ar
Foram consumidos pelo fogo
Tão feridos e cansados para um rumo encontrar
Sem esperança, sem folego para respirar                                    
Eles dormem em um sonho que jamais irão acordar

Poema feito para os 245 mortos e feridos no incêndio da madrugada de 27 de janeiro de 2013 na cidade de Santa Maria - RS. Descansem em paz.