Como podemos lutar conta a fúria da natureza?
E não há lugar para se salvar, nem oração pra acreditar.
Se entregar é a unica certeza.
E aos que ficaram o que resta é um coração encharcado de tristeza.

Lúgubre tragédia que pelo mar avança,
que tira dos braços da mãe a adorada criança,
vem desfigurando o mundo e acabando com toda esperança.

Hoje os pés descalços andam pelos escombros,
Ainda carregando o fardo de dor pelos ombros,
O sofrimento é demasiado longo.

A luz da manhã não alenta os desesperados,
a noite é uma confusão de pensamentos angustiados,
A um mar de infortúnio ao qual foram lançados.

O que pode se fazer é se padecer a chorar,
Por todos as almas que as aguas veio a arrebatar,
E por muito tempo o mundo dessa assombrosa tragédia vai se lembrar.


Poema oferecido aos mais de 16.600 mortos e desaparecidos causados pelo terremoto e tsunami no japão ocorrido no último dia 11/03.

J.morgan 17/03/2011







E nas mais profundas águas submergi
A minha alma que por séculos sem destino vaga
Das feridas do passado jamais esqueci
A minha chama pela vida lentamente se apaga

Virei prisioneiro sem rubor
Sua indiferença a muito tempo me matou
Fui massacrado pelo seu desprezo
Esse é o destino ao qual não te desejo

Fiz tudo por você eu me entreguei
Não vi o fim ao qual eu cheguei
E de tudo que é mais belo eu nunca pertenci
Por muitos anos assim eu me entorpeci

E hoje não acho nenhum sentido pra mim
O que levo dessa vida é um triste caminho enfim
Fiquei entregue ao acaso meu coração bate cada vez mais raso
E agora sem nenhuma tristeza declaro meu cansaço
Fui condenado ao meu próprio ocaso.

J.morgan 18/03/2011

Enquanto o fim do mundo estoura a minha frente,
Me encontro aqui frio e impotente,
nos últimos dias da minha existencia.

Neste vilarejo sórdido que aos poucos me destrói,
O peso que trago nas costas muito me dói,
E toda esta miséria me corroi.

Estupefato e com o coração machucado,
São feridas que em mim nunca tem sarado,
Ainda está presente em mim todas as dores do passado.

A minha própria ruina fui condenado.
O meu desejo pra que tudo melhore é demasiado.
Mas eu sei que tem coisa muito pior por vim,
Fogo foi ateado contra mim.

Nesta terra morna não há mais vida,
a profunda dor sobre minha carne não tem medida,
do dissabor desta maldita guerra eu me enveneno,
cai já morto sobre o escasso feno.

Agora te vejo com seu corcel negro que de lonje me espreita.
leve meu desfigurado corpo sem suspeita,
A minha lembrança de vida foi completamente desfeita.


J.morgan 15/03/2011