Caindo em abismos cada vez mais profundos
rastejando por um pouco de misericórdia de compaixão
hoje choro o desproposito de ter sido jogado ao chão
Esqueci que até os anjos também tem seus planos imundos
Me encontro afogado em algum lugar ao fundo

Tento encontrar o caminho distante do perdão
Mas meus pés e mãos acorrentados estão
Malditas memórias não alentam a dor um segundo
Me afastando da luz e enchendo de mácula meu coração

Fui marcado com a espada ancestral da desesperança e do despropósito
Estou condenado a uma eternidade de miséria, sangue, dor e ódio
A mesma chuva que lava e santifica
Queima minha carne e abre em pedaços as minhas mais antigas feridas

Meus sonhos roubaste quando em meus lábios a primeira vez tocaste
Fugir não tive coragem e até o fim permaneci
Definhado ao passar dos tristes anos
Oh Deus como fiz coisas das quais me arrependi

Agora provo o gosto amargo da decadência
Meu espirito dorme em algum lugar frio
Anestesiei minha dor
Vivo em estado de dormência

Como um animal que pelos mais imundos prostíbulos rasteja
Ao qual olhas com desprezo, pisa, cospe, apedreja.
Ignora por diversão quem te ama
Rasga o coração, deixa na lama
Escarra na boca de quem te beija.