Desconhecer

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 A pior dor é nada sentir.


Um lençol manchado de sangue
As luzes da cidade assustam
Esvoaçante, transfigurada,  sufocante
Feito fumaça os carros passam
Sem qualquer direção
Eles se jogam na noite
Turva e amarelada
Pintada de neon
Entre as curvas da estrada

A lua dança em negrume
Queimando freneticamente
O desejo de quem não assume
Das esquinas ainda é perambulante
Perfeitamente estático na surdina
Propício daqueles que não tem costume

A noite este grande museu
Fervendo línguas alucinantes
De fado e vício
Revela o tempo cada vez mais lento
Sem respostas em desperdício

Qual a diferença em se desconhecer?
 Querer viver um segundo ou cem anos
 Pois muitos morrem ao nascer
A grande maioria simbolicamente
Sem sentir gostos diferentes
Sem se sentir, sem ser

Hoje dos olhos verteram lágrimas
Por aqueles que encontraram na fuga
A melhor maneira de não sentir nada
Mesmo assim aquele olhar fatigado encontra beleza
Ao ver tantas rugas desnecessárias em jovens asas




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