A fome

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Eu de fora me vendo
Pálido e sujo
Me achando e perdendo
Aprendendo mais uma vez a respirar
Sem saber o caminho certo
Ou qual hora vou chegar
Talvez divagar seja minha sina
Solto sem correntes
Feito bicho eu me espalho
Cedendo a caprichos nas esquinas
Bebendo dessa cachaça barata
Me entorpecendo com as pontas dos teus cigarros
Que aos poucos me corta por dentro
E dentre os ferimentos 
Procuro em um voraz intento voltar
Ah se eu soubesse me amar
Queria a mim mesmo devorar
Se eu pudesse engoliria os meus braços
Cotovelos, pernas e baço
E sem pena roeria os ossos dos meus pés cansados
Assim sem pressa vomitaria os pedaços
Saboreando todos os meus complexos e medos
E sem segredos me reduziria a pó
Só assim afrouxaria o nó
Que tanto aperta os meus dedos
E quando tudo eu tivesse digerido
Atearia fogo e seria consumido
Tenho sede de me construir de novo
De me amar, me merecer
E depois que cada célula eu tenha modificado e se erguido
Poderei perceber ao redor, sentir e ver
Como eu tenho insaciável fome de me pertencer



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