Dançando no limbo

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É uma faísca que existe em mim
Que não queima, nem arde
Não sei bem explicar
Vez em quando faz cócegas
Roçando em meu calcanhar
E este ranço em mim por vezes cabe
E sabe
Nem me incomoda mais
Não choro, não clamo
Nem padeço
E por tudo que já vi
Fecho os olhos e esqueço
Virei bicho que não reclamo
Assim tudo que vivi
Sustento e mereço
E de todos os amores que tive
Pouco se restou de amor
Assim virei flor do deserto
No deserto da minha própria alma
Que já nem sei bem se sou mesmo flor
Tempestade, terra ou torpor
Nas ruínas do meu próprio palácio
Que aos poucos cedeu
E em ver tudo resumido à cinzas
Não sei se foi dificil ou fácil
O que de fato sei é que nada me agrada, distrai ou maltrata
Não sinto fome ou calor
Sou menos apático a este frio que retarda
Por dentro me tornei resílio
E neste deserto meu peito canta
Sem chorar ou sorrir
Somente por coexistir 
                                                        Neste exílio contínuo minha dança
No limbo do nada sentir


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