Todo o sangue que verteu

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Como pulsa o braço vil do açougueiro
Pintando as paredes o chão e os dedos de vermelho
Arranca e expulsa do meu peito essa pungente dor
Como tira raivosamente as vísceras de um carneiro

Assim quero ser, como o cadáver que segura as duras mãos do coveiro
Que não tem pena , sentimentos ou receio
Sinto-o me enterrar e vejo nos seus olhos o sarcasmo derradeiro
Jogado neste frio túmulo me resvalo em teu seio

Sentindo toda glória da morte
Brindo a decadência e tomo do cálice inebriante destra forte
Vagando sem destino por séculos me perdi no tempo
A solidão e o desprezo me enche de arrependimento

Sentindo ao último golpe caio no chão de joelhos
E que na frivolidade da terra o Deus verme roa minha carne, meus ossos
Que roa sem remorsos
Deixe apenas os cabelos

Quanta má sorte o destino me concedeu

Enfim o dia que eu tanto esperei se sucedeu
O meu rosto empalideceu a mão estremeceu a vista escureceu
De mim a minha alma se desprendeu
Lentamente senti fluir todo o meu sangue que verteu


J.Morgan 20/08/11




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